A fotografia e o cinema casamento perfeito

Quando vemos a fotografia na tentativa de se isolar do cinema, fotografia em movimento.
A fotografia gera emoções muito antes do adquirir movimento nas grandes telas, quando a fotografia está presente para eternizar um instante, uma emoção “congelada” a través de uma ação.
A fotografia em muitos momento vem sendo uma ferramenta que pode vir a trabalhar o emocional, revelando muitas vezes a alma humana, numa expressão única.
A fotografia é a maneira mais “fiel” de retratar a realidade imagética, mas esta realidade até que ponto é fiel a realidade in loco, a realidade do instante decisivo.
Alguns fotógrafos transitaram muito por este espaço da fotografia, que revela a alma do outro e a sua mesma através da realidade que vem captando através de seu olhar e suas lentes. Quando me refiro a lentes, a estas trazem um modo peculiar de revelar o outro…
Mas este olhar particular pode sim manipular a realidade da maneira que desejamos, quando começamos a pôr nossa visão, seja emocional, estética ou mesmo ética da verdade que vemos na vivência do outro isso acontece até mesmo em fotos programadas como ensaios em estúdio ou externa. Quando estamos a fotografar um casal que está prestes a casar, resolve capturar momentos agradáveis e únicos, aonde possam expressar o sentimento que os estar a levar ao matrimônio e usam a fotografia para “capturar e congelar” estas emoções através de um sorriso ou de uma lágrima de emoção deste momento único e como tudo na vida não tem como ser revivido por que o tempo não volta, mas a fotografia tem a magia de guardar para sempre este momento.
Também através da fotografia guardamos momentos que revelam nossas dores internas ou as dores sociais, que muitas vezes estão ocultas nas sarjetas de uma cidade como a que vivo, Rio de Janeiro (Cidade Maravilhosa) e que em muitos frames foi retratada como simplesmente bela e de encantos mil e que também é uma realidade, mas que guarda em si suas dores também, afetos e desafetos suas lutas como um ser orgânico e a fotografia está cumprindo o seu papel de nos revelar isso por todos os viés, a cidade não é somente beleza e tão somente abandono e desfavorecimento ela é o todo e a escrita luminosa vem mostrando isso muitas vezes como uma crônica (um estilo literário que a partir do sec. XIX passou a refletir a vida social, politica, de costumes e principalmente o cotidiano nos mais diversos campos) e como a fotografia é uma forma de escrita ela também navega nestes mares da crônica e tem forte apelo social, isso porque não trabalhamos com o imaginário e sim com o imagético o visual real, quando mostramos uma criança num trabalho forçado não preciso fazer a discrição que nos leva a imaginar estamos vendo e reagindo de modo mais imediato a dor, quando temos a foto de uma mãe dando a luz, da mesma forma estamos na realidade imagética que nos faz perceber a dor e alegria do momento do nascimento de um novo ser humano.
Tudo que aqui foi narrativa está intimamente ligado ao cinema que traz movimento a toda esta gama de imagens até então estáticas e talvez com uma dramaticidade tão estática que em alguns momentos não nos traz a magnitude a realidade que contemplamos, talvez por que não estamos ainda “educados” a ler uma imagem, simplesmente vemos de modo superficial. E é aí que o cinema vem com plena harmonia coma fotografia e nos faz perceber algo que aquela imagem estática tinha a nos dizer, e agora com o movimento percebemos a dramaticidade nela contida. Para exemplificar isso temos a imagem de Kim Phuc Phan Thi, aquela menina que no meio da guerra do Vietnã foi atingida pelas chamas de uma bomba, incendiária, de Naplm escrita pelo fotógrafo Nik Ut que trabalhava para a agência de notícias Associated Express, mas temos também algumas imagens deste momento tão dramático em movimento onde percebemos de modo mais dramático, mas de alguma forma mais distrativo, aonde a fotografia nos leva a uma contemplação de a realidade de modo menos distrativo.
Mas o cinema é um excelente veículo para a fotografia ser mais e mais admirada e reconhecida como arte e técnica e sua base está totalmente na fotografia, na escrita luminosa, pois também não há cinema com imagem sem luz.
A seguir vamos ver a foto e o vídeo citadas da menina do Vietnã e como exemplo 


Foto de: Phuc Phan Thi




Paulo Santana
fotógrafo e Jornalista.



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