Do Digital ao Anlógico.
Hoje mais que nunca temos uma busca pelo chamado retrô (antigo), mas na verdade é uma busca as raízes e identidades. Com o passar do tempo estamos perdendo nossas identidades ou a ligação primárias as nossas raízes. Hoje ouvi uma fala que bem traduz isso que foi a seguinte: "- O carnaval de hoje não pode ser igual ao dos anos 50…" sim é bem verdade houve uma “evolução” bem grande mais a raiz se mantêm a mais, uma massa de pessoas a caminhar por uma avenida a contar uma história em forma do enredo da escola de samba e tem uma grande bateria a marcar o ritmo da dança que se desenvolve no correr do tempo estipulado para a apresentação de cada escola. Na vida como um todo enfrentamos este distanciamento das raízes em função de uma “evolução” sociocultural, mas a té que ponto esta dita “evolução” que atinge, a ética, a moral e tecnológica nos deixando mais autômatos. Mas há hoje um grupo de pessoas, não por saudosismos e sim pela redescoberta e o desejo de vivenciar aquela espera pelo resultado que imaginamos na escrita de nossa imagem. Fico a imaginar um artista como Araquém Alcântara, na era do analógico, Sebastião Salgado, Cartier Bresson (com sua Leica) ou mesmo Vivian Maier (com sua RolleiFlex de duas lentes)a capturar grandes imagens do cotidiano de Chicago (EUA). O que há em comum entre estes grandes mestres da fotografia é a paciência de aguardar elo resultado final mesmo em meia a tremenda ansiedade de saber se as suas leituras da realidade deu certo. Se aquela avalanche de informações ISO, Velocidade e Abertura que foram processadas em segundos estavam corretas para aquele instante decisivo. Hoje vivemos uma realidade do imediatismo em tudo, sobre tudo quando a relação está no âmbito do digital. Queremos ver o resultado de imediato e sermos mais rápidos do que o outro ou produzir mais clicks e ter aquela pós produção "impactante" e nada real é o que faz a diferença e vamos pondo ao largo a criatividade que vem da emoção. Mas é preciso entender que a IA é uma ferramenta como qualquer outra, neste caso uma nova ferramenta que existe para nos facilitar, mas que deve ser usada de modo coerente e não passam para ela a “responsabilidade”... Estive a conversar com alguns fotógrafos sobre algo que tenho observado, que é um movimento meio que na contramão da tendência no campo da fotografia e, sinceramente, acho bem interessante e importante. Pois fazer a fotografia usando as ferramentas atuais, é sem sombra de dúvidas algo muito prático a ponto se tornar muitas vezes algo pouco pensado. Temos alguns fotógrafos que estão a lutar para que a fotografia sai deste nível medíocre através de ensaios mais elaborados aonde a direção de pessoas nos leva a uma fotografia realmente mais pensada, aonde devemos ter o domínio maior da iluminação e composição. è claro que não é somente este seguimento da fotografia, que mesmo sendo digital é pensada, mas a fotografia de eventos por exemplo e até mesmo o fotojornalismo tem sofrido o efeito da produção em excesso de fotografia para uma posterior seleção. Isso acontece por causa do “baixo” custo, a principalmente pela quantidade de click que conseguimos produzir durante um evento. Mas nos vem o questionamento quanto a qualidade e também na outra ponta o fator tempo de seleção das imagens tudo isso tem um peso grande. Nas academias há um aparente retorno a fotografia analógica a ponto de termos grupos que buscam em seus coletivos uma viagem muito rica a alquimia dos antigos Ligthroom (laboratórios de revelação e ampliação), aonde toda magia acontecia e volta a acontecer. Como falamos acima estive a conversar com alguns fotógrafo sobre este retorno e um destes, o nobre amigo e parceiro de jornada o Fotógrafo Marcelo Celeste. Ele é pós-graduado em fotografia e tem a fotografia como uma ferramenta em para suas pesquisas na área de ciências sociais. O Marcelo tem se dedica a arte com grande apego a Fotografia Preto e Branco e Digital, mas com uma pegada, assim como eu, autoral e conceitual (o que ouso chamar dentro de um conceito pessoal de Pensar Fotografia). Uma fotografia fora da caixinha limitante de regra, que muitas vezes podem e devem ser quebradas, com coerência, mas que muitos se deixam engessar pelas mesma que nos são ferramentas e não entraves. Ele como todo bom fotógrafo está presente no Instagram com suas escritas luminosas de alta qualidade no link a seguir: https://www.instagram.com/marcelo_celeste/# Agora vamos ver o que ele nos falou sobre a fotografia hoje, a partir do meu questionamento: Olhar Celular: - O quê você acha deste retorno, na fotografia, pela busca do analógico, em plena era digital, como se fosse uma descoberta quase a nível de alquimia? Marcelo Celeste: " - Hoje está tudo frenético, tudo pra ontem. Não cultivamos o aqui e agora sempre buscamos respostas imediatas, o tempo não é matureado, a experiência não é sentida e sim o que se espera dela. Não vejo como alquimia e sim como algo que precisa ser contemplado através da experiencia do viver é o foco no sentir e não no produto, pescou?" Olhar Celular: Concordo que é preciso focar em outro tripé, que falo com meus alunos que é (EVS) Enxergar, Ver e Sentir. Marcelo Celeste: "- Legal". Olhar Celular:- Assim damos valor a fotografia em si, passamos a pensar no instante real da imagem e não na chamada pós produção e na mirabolantes e falsas imagens produzidas na edição Marcelo Celeste: " - Hoje deletamos imagens rapidamente, as consumimos e jogamos fora o que achamos que não esta boa apagamos...sempre focando no resultado...fotografamos a mesma cena 10 vezes, não precisamos disso e aí perdemos um tempão pra editar." Olhar celular: - Hoje a fotografia não tem glamour, tem praticidade, vivemos uma padaria de imagens que precisamos produzir muito. Só que o produzir, significa, lá na frente perde de tempo absurda, porque não ficou boa. E aí tiro mais dez da mesma e uma há de ficar boa, quem sabe. Marcelo Celeste: " - Sim precisamos tirar a produção, não somos maquina de fazer imagens. Devemos criar imagens, e ai sim saímos do mundo que nos aprisiona através do imediatismo, pois a criação é divina e subjetiva e a produção é objetiva e mundana!!!!!" Este foi um papo super curto com este grande profissional que nos apresenta uma visão além do click e uma certeza: A fotografia deverá sempre ser pensada, pois não somos máquinas de produzir imagens. O automatismo pegou esta nova geração de uma maneira tão absurda que cada dia que passa, vamos perdendo oo refino da seleção in loco em busca da qualidade e vamos simplesmente fazer cem clicks para salvar dois ou cinco. E a fotografia analógica não é para qualquer um, como vamos ver na fala do grande fotógrafo baiano Carlos Guedes. O Carlos é um fotógrafo reconhecido por retratar com extrema leveza e qualidade as manifestações culturais da Bahia com suas cores vibrantes e retrata a natureza de modo único que somente que vive e pensa a fotografia o faz. Com seu trabalho ele encanta nosso olhar e nos leva a uma verdadeira viagem pelos recantos da Bahia quando retrata pessoas e lugares inimagináveis e que estão ali ocultos a nossa frente e Guedes nos revela tudo isso com extremo profissionalismo e sensibilidade no olhar. E num bate bola rápido ele nos revela uma realidade que nos acende um sinal de alerta, de quanto estamos vivendo numa dependência do imediatismo e da necessidade de ver o resultado imediato acima do qualitativo algumas vezes e o despreparo de uma grande parcela de novos fotógrafos. vamos lá para este bate bola. Olhar Celular: - Boa tare como vc vê a fotografia analógica hoje ressurgindo com força no meio acadêmico? Carlos Gudes; " - Fotografia analógica hoje é para quem tem dinheiro para gastar. O custo do filme, da revelação é alto... Pela ótica artística, acho fantástico!!! Vc capturar a imagem e só ver o resultado no momento da revelação, não é para qualquer um. Muitos abandonariam a fotografia se as máquinas não tivessem o LCD para ver se a foto ficou boa ou não. Por isso digo que se tirar o LCD das máquinas, mais da metade dos fotógrafos abandonariam a profissão." Com este bate bola rápido, vemos que os fotógrafos estgão presos ao imediato e não no criativo, na fotografia pensada, como o Carlos Guedes e o Marcelo Celeste produzem, pois suas imagens são aquelas que estão fora da caixa nos mais diversos seguimentos que ambos atuam. Agora mais que fazer uma viagem ao passado usando máquinas retrô ou buscando mestres das analógicas, vamos vivenciar a fotografia na veia. Vamos sim pegar uma analógica para entender que é preciso entender a luz, a composição, o momento decisivo e sobretudo a paciência que o fotógrafo precisa ter para ter a foto ideal e única. A seguir vou apresentar as fotos do Carlos Guedes, Marcelo Celeste e do Paulo Santana três fotógrafos contemporâneos que pensam além do clik...
Por Paulo Santana
Jornalista e fotógrafo
Carlos Guedes
Marcelo Celeste
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